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Superman | DCU começou de fato.

Atualizado: 25 de jul.

Uma Nova Visão do Homem de Aço


Por duas décadas, a representação cinematográfica predominante do Superman tem sido a de uma figura quase divina, um mártir enviado à Terra para carregar os fardos de um mundo que não é seu e que ele nunca consegue entender completamente. O Superman de James Gunn, no entanto, subverte essa narrativa. Seu Homem de Aço é, antes de tudo, humano. Sim, ele é forte, mas longe de ser uma montanha de músculos exagerada. É resiliente, sem dúvida, mas não indestrutível. Na verdade, o que mais me surpreendeu na abordagem de Gunn foi a fragilidade com que ele permeia o personagem, tanto no plano físico quanto emocional. Ele não apenas sofre golpes frequentes, como também se autocrítica de maneira constante.

O Superman de Gunn enfrenta derrotas que o deixam à beira do colapso. Ele se esforça para resgatar a todos — não só amigos e família, mas também estranhos e até adversários — e se sente arrasado quando não consegue. Longe de ser uma divindade distante observando-nos do alto como a visão de Snyder, este Superman é um indivíduo falível, cheio de sentimentos. Ele comete erros e, em seguida, dedica-se com veemência a corrigi-los.

Kal-El
Kal-El

Um Novo Sopro para Superman


É compreensível que alguns admiradores das encarnações anteriores do Superman possam estranhar um Homem de Aço que demonstra emoção e, ocasionalmente, lágrimas. Certamente haverá quem se indigne com a escolha de apresentar Clark Kent como um sujeito tão recatado que usa "poxa" em vez de um palavrão. Embora essas opiniões sejam válidas, na minha perspectiva, o Superman de Gunn é um sopro de ar fresco — tanto para a DC Comics quanto para o cinema de super-heróis em geral — e, sem dúvida, um dos melhores filmes do herói.

Em vez de reviver mais uma vez a história de origem, o filme serve como um alicerce, estabelecendo um novo Superman e seu universo, ao mesmo tempo que entrega uma aventura profundamente gratificante. Ele está intrinsecamente ligado à mitologia clássica da DC, mas, surpreendentemente, também ressoa com temas e elementos contemporâneos.

Nathan Fillon (Guy Garner - Lanterna Verde), Isabela Merced (Mulher Gavião) e Edi Gathegi (Sr. Incrível).
Nathan Fillon (Guy Garner - Lanterna Verde), Isabela Merced (Mulher Gavião) e Edi Gathegi (Sr. Incrível).

Elenco de Destaque


O filme também se beneficia de um elenco formidável. David Corenswet é uma revelação impressionante como o novo azulão. Ele encarna com perfeição a visão de Gunn para o personagem: alto e bonito, mas sem qualquer imponência, com olhos azuis penetrantes que transmitem preocupação e empatia. Em contraste marcante com seu virtuoso Clark Kent, temos Nicholas Hoult como o Lex Luthor ideal para os nossos tempos; um magnata da tecnologia narcisista, consumido pela ganância e inveja, que facilmente poderia ofuscar o Superman, se ao menos conseguisse parar de dedicar cada segundo de sua vida a erradicar este "visitante estranho de outro planeta", sendo a melhor versão do personagem desde Michael Rosenbaum em Smallville. Rachel Brosnahan completa o trio central como uma Lois Lane inegavelmente inteligente e perspicaz, que nunca precisa provar ser a mais esperta da sala.

Até mesmo os papéis secundários são preenchidos com atuações brilhantes, com Sr. Incrível que é talvez o personagem coadjuvante mais crucial do filme. Edi Gathegi rouba a cena em cada aparição como o bilionário, sem sentimentos e engenhoso inventor. Ele é o líder informal de um grupo de heróis em formação chamado "A Gangue da Justiça", que também inclui a força bruta da Mulher-Gavião de Isabela Merced e o irritante e hilário Guy Gardner de Nathan Fillion.

A Gangue da Justiça age como aliados cautelosos do Superman de Corenswet, embora a fragilidade dessa aliança seja posta à prova pelo enredo principal, no qual o Superman se envolve em um conflito emergente entre as nações fictícias de Boravia e Jarhanpur. Essa intromissão no complexo cenário da política internacional coloca o Superman na mira do governo dos EUA e o expõe ao mais recente e nefasto esquema de Lex Luthor, que ameaça Metrópolis e o resto do mundo.

Frank Grillo (Rick Flag Sr.), David Corenswet (Superman), Ultraman e Maria Gabriela de Faria (Engenheira).
Frank Grillo (Rick Flag Sr.), David Corenswet (Superman), Ultraman e Maria Gabriela de Faria (Engenheira).

A Maestria Narrativa de James Gunn e a Subversão da Imagem Clássica


Assim como em seus filmes de Guardiões da Galáxia para a Marvel, Gunn demonstra novamente uma habilidade notável em orquestrar grandes elencos de heróis e vilões, e em equilibrar sequências de ação grandiosas com momentos mais íntimos que aprofundam os laços (e realçam o humor) entre seus personagens. Ele também consegue, em um filme de apenas duas horas com um ritmo rápido, inserir ideias pertinentes sobre o Superman.

Transformar o Superman em um filme com uma mensagem de cancelamento poderia ter sido o calcanhar de Aquiles de Gunn, se o longa não fosse tão consistentemente divertido e empolgante; se o Superman de Corenswet não empregasse seus poderes de forma tão engenhosa e inesperada, se ele não tivesse uma química tão forte com Brosnahan, e se ele não tivesse um dos cães mais cativantes da história do cinema ao seu lado, na forma de Krypto. Este personagem, um pilar dos quadrinhos e desenhos do Superman, foi transformado por Gunn em um verdadeiro roubador de cenas em CGI. Embora tipicamente retratado como um ajudante super-obediente e leal com inteligência humana, a brilhante decisão de Gunn foi dar a Krypto a personalidade de um cão de verdade. A desobediência constante de Krypto proporciona um alívio cômico considerável, mas também é outro aspecto inteligente da concepção de Gunn para o Superman. Esse herói é tão normal que mal consegue que seu próprio cão o obedeça! Mais uma vez, isso pode incomodar fãs com uma visão muito particular e restrita do Superman como um salvador todo-poderoso e infalível. Pessoalmente, encontrei-me genuinamente envolvido no desfecho de um filme de quadrinhos pela primeira vez em muito tempo. Este Superman faz algo mais impressionante do que convencer o público de que um homem pode voar. Ele os faz se importar com o homem que está voando.

Nicholas Hoult, David Corenswet e James Gunn
Nicholas Hoult, David Corenswet e James Gunn

Olhe Para Cima!

Enquanto a internet fervilhava em debates sobre o traje do Superman de Corenswet — as cores, o cinto, o short vermelho, as dimensões —, as pequenas imperfeições do uniforme no filme, como o caimento menos que perfeito e as constantes marcas de queimado e amassados, parecem ser uma escolha deliberada. Elas reforçam a visão de Gunn de um Superman mais imperfeito, um conceito que perderia impacto se ele parecesse uma estátua grega impecável. Além disso, o figurino realmente fazem Corenswet parecer um desenho ganhando vida sem parecer ridículo, e como fã de quadrinhos, achei incrível.

Superman é um dos filmes baseados em quadrinhos recentes a sugerir um universo cinematográfico não por meio de subtramas desnecessárias ou cliffhangers aleatórios, mas sim ao enriquecer sua própria narrativa com tantos personagens secundários cativantes e interessantes que você anseia por vê-los em outras produções. Há a surpresa de outros personagens da DC em Superman que mal posso esperar para reencontrar nas telonas. Sai da sala do cinema com um bom respiro, olhando para cima e percebendo que a DC pode sim de fato ter uma nova era renovada de bons filmes pelos próximos anos.

Superman e Krypto
Superman e Krypto

NOTA: 9/10

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