Quarteto Fantástico: Primeiros Passos
- tiagoferreirapp
- 25 de jul.
- 4 min de leitura

Primeiros Passos: O Triunfo do Quarteto Fantástico no MCU
Os fãs do Quarteto Fantástico têm bons motivos para estarem cautelosos. As tentativas anteriores da Fox, em 2005 e 2007, resultaram em recepções críticas predominantemente negativas e sucesso de bilheteria apenas mediano, colocando a franquia em hiato por uma década. O reboot de Josh Trank em 2015, embora promissor inicialmente, descarrilhou completamente, tornando-se um fracasso comercial e de crítica.
A reviravolta veio com a Marvel Studios, que inicialmente provocou o retorno do quarteto com a aparição de Reed Richards (interpretado brilhantemente por John Krasinski) em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022), sugerindo a tão esperada integração do grupo ao MCU. Contudo, o anúncio do elenco de 2024 para o novo filme da Fase Seis, "Primeiros Passos", revelou um novo elenco e um estilo retrô, levantando dúvidas se a trama se passaria nos anos 60. A confirmação veio em Thunderbolts: este Quarteto Fantástico pertence a uma realidade alternativa, a Terra-828.
Quatro anos após a transformação causada pelos raios cósmicos, o Quarteto Fantástico agora é aclamado mundialmente. Liderados pela inteligência e elasticidade de Reed Richards (Sr. Fantástico), o grupo inclui Sue Storm (Mulher Invisível) e seus campos de força, Johnny Storm (Tocha Humana) com seu voo e chamas, e Ben Grimm (O Coisa), cuja pele rochosa lhe confere uma força extraordinária. Mas quando um arauto surge para alertá-los sobre a iminente destruição do planeta por um poder inimaginável, eles precisarão de todos os seus recursos para enfrentar o desafio.
Enquanto Thunderbolts já havia surpreendido positivamente o público, "Primeiros Passos" eleva a aposta. O filme apresenta uma narrativa autônoma, situada em uma realidade distinta do MCU principal. Essa ousadia tática, de imergir completamente em uma Terra alternativa, se mostra bem-sucedida, oferecendo um universo vasto e inexplorado, livre das amarras de tudo o que conhecíamos.
Chamar essa experiência de refrescante seria subestimar seu impacto. É o reset tão aguardado pelos fãs, entregue em uma execução quase impecável. O filme oferece uma interpretação possivelmente definitiva dos personagens, tão bem concebida que poderia existir em seu próprio universo, e estabelece uma base surpreendente para os eventos de Vingadores: Doomsday, o tão aguardado filme do próximo ano.
O Acerto do Elenco e Um Show Visual

O elenco de "Primeiros Passos" é um acerto em cheio. Embora John Krasinski fosse uma escolha popular, Pedro Pascal (The Mandalorian, The Last of Us) brilha como Reed Richards, capturando tanto a inteligência genial quanto as peculiaridades sociais do personagem. Ao seu lado, Ebon Moss-Bachrach (The Bear) e Joseph Quinn (Gladiador II) entregam performances notáveis como O Coisa e Johnny Storm, respectivamente. Eles são retratados como mentes brilhantes que embarcariam em uma jornada espacial, mas com uma inclinação mais para a ação, enquanto Reed se entrega à contemplação.
A química familiar é um ponto forte, com o humor sutil, mas eficaz. Vanessa Kirby (Missão: Impossível - Efeito Fallout e Acerto de Contas) completa o quarteto como uma fabulosa Sue Storm. Ela é, sem dúvida, a MVP silenciosa da equipe, impressionando com uma atualização de poder inesperada e dando à "Mulher Invisível" uma profundidade nunca antes vista. Julia Garner (O Lobisomem) também rouba a cena em sua estreia como a arauta do grandioso Galactus, interpretado por Ralph Ineson (Nosferatu, A Bruxa) - dono de uma das vozes mais imponentes do cinema - infundindo dimensão a um personagem que raramente a possuía, e seu arco talvez seja o mais bem desenvolvido.
A direção de Matt Shakman (WandaVision), que começou com um filme de baixo orçamento e passou para a TV, faz uma transição espetacular para o formato de blockbuster. "Primeiros Passos" é, sem dúvida, um dos filmes visualmente mais deslumbrantes do MCU, e o mais impressionante em anos. Shakman não só cria uma Terra-828 retro futurista com estética de quadrinhos dos anos 60, mas também mergulha no estilo que lembra Interestelar de Christopher Nolan em seus momentos na galáxia.
A Ameaça e a Relevância da Narrativa

As sequências fora do planeta são de tirar o fôlego: uma tensa perseguição , a atração de horizontes de eventos e a manobra de estilingue gravitacional são todas renderizadas com maestria, fazendo com que o espectador quase se esqueça de que o investimento em CG pode ter sido menor para outros elementos. Os antagonistas – o carismático arauto e a entidade para quem ela trabalha – são épicos em escala, apresentando uma ameaça de nível Thanos desde o início. O fato de ser um universo independente, livre das amarras da continuidade (e legado) de Vingadores: Ultimato, significa que tudo é possível. O filme é imaginativo, inovador, visualmente grandioso e surpreendentemente. Porém o que senti foi uma pressa para chegar ao terceiro ato, e achei perceptível coisas que certamente foram cortadas ali nos primeiros e segundo ato. Deixo aqui o meu ponto negativo para momentos em que o CGI quebra momentos de dramaticidade, exemplo na cena com o bebê Franklin Richards, que parece mais um boneco de massa. Mas são pequenos pontos que passam e não estragaram acompanhar a jornada da família mais famosa da Marvel.
Por fim, é um verdadeiro feito para a Marvel, a esta altura de sua jornada, conseguir fundir elementos de Vingadores, Interestelar e até mesmo a série O Problema dos 3 Corpos em uma narrativa tão coesa e brilhante. Isso reequilibra a balança e, finalmente, oferece aos fãs leais e pacientes uma nova razão para ter esperança. E fique atento para a primeira cena pós créditos: Doomsday está a caminho, e finalmente poderemos nos importar de verdade, assim como foi na primeir acena pós crédito de Vingadores lá em 2012. Nota: 8/10
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