Crítica | Jurassic World: Recomeço — A franquia jurássica respira novos ares, entre tropeços e acertos
- Marlon Spielberg
- 3 de jul.
- 3 min de leitura
O mundo pós-domínio: dinossauros à beira da extinção
Cinco anos após os eventos de Jurassic World: Domínio, a população de dinossauros soltos pelo mundo vem diminuindo cada vez mais, devido à dificuldade de adaptação às condições climáticas atuais. Os poucos dinossauros que resistiram vivem em abrigos ou em regiões equatoriais mais isoladas, onde o clima é mais favorável à sobrevivência dessas espécies.
É justamente em uma dessas áreas que se localiza uma ilha, antiga base para os primeiros experimentos com híbridos da InGen. Abandonada há 17 anos, a ilha se torna o destino de uma expedição a serviço de uma grande indústria farmacêutica, que busca o DNA de espécies raras para desenvolver um medicamento poderoso contra doenças cardíacas.
É acompanhando essa expedição que se inicia mais uma aventura da saga jurássica, desta vez sob a direção de Gareth Edwards (Godzilla, 2014) e roteiro de David Koepp (Jurassic Park).
Entre pressa e nostalgia: os altos e baixos da produção

Após o sucesso financeiro do último filme, era esperado que a Universal não deixasse de lado a lucrativa franquia — mesmo tendo prometido que Domínio encerraria a história. E já adianto: muitos dos pontos negativos vêm justamente da produção conturbada deste novo capítulo.
Jurassic World: Recomeço enfrentou troca de diretor por divergências criativas, além de constantes interferências do estúdio e até de Steven Spielberg, que alteraram desde a escolha das espécies presentes até a trama principal. Tudo isso se reflete claramente na montagem: há cenas que pediam mais contexto e desenvolvimento, enquanto o roteiro foca excessivamente em dramas pessoais e dilemas morais de personagens que, no fim, não levam a lugar nenhum. Isso acaba prejudicando até o clímax, que tinha um potencial enorme se fosse melhor trabalhado.
Clima raiz, ação e suspense na medida certa

Apesar dos tropeços, os pontos positivos se sobressaem. Gareth Edwards faz um bom trabalho na direção, equilibrando cenas de ação com momentos de tensão e suspense que remetem diretamente ao Jurassic Park original — e olha que não é exagero! A ambientação da ilha é excelente e, em vários momentos, lembra descrições dos livros Jurassic Park e O Mundo Perdido.
A trilha sonora de Alexandre Desplat cumpre bem seu papel, trazendo temas marcantes (a cena com o Mosassauro é um ótimo exemplo) e, claro, resgatando as inesquecíveis composições de John Williams nos momentos mais impactantes.
Os dinossauros continuam a grande estrela — com ressalvas

E quanto aos dinossauros? No geral, o CGI está muito bem feito, embora algumas cenas menores deixem a desejar no acabamento. Um ponto que incomoda um pouco é a pouca variedade de espécies, além da ausência de algumas criaturas que poderiam ter rendido ótimas sequências de ação. Senti falta também de mais dinossauros mutantes ou deformados — o que faria sentido, considerando que a ilha era um laboratório de experimentos fracassados.
Não posso deixar de destacar a tão aguardada cena do ataque do T-Rex no rio, que sem dúvida é um dos grandes momentos do filme e evoca todo o clima de tensão dos clássicos de Spielberg.
Outro ponto que merece elogio é o comportamento dos dinossauros. Aqui, eles não atacam cegamente só por atacar; eles agem como animais selvagens, atacando para defender território, proteger ninhos ou por simples curiosidade. Isso traz um tom mais "natural" e até realista ao filme, algo pouco explorado nos capítulos anteriores.
Já o D-Rex, o polêmico “chefão” final, é uma criatura visualmente impactante e funciona bem em tela, mas acaba sendo pouco explorado. Seria muito interessante ver mais sobre o laboratório onde ele foi criado e os experimentos que levaram à sua criação — uma ótima oportunidade para abordar questões sobre ética científica, tema presente nos livros e nos primeiros filmes.
Veredito final: uma aventura divertida, com sabor de nostalgia
Jurassic World: Recomeço é um filme divertido e empolgante, perfeito para um cinema “pipocão”, no melhor estilo Sessão da Tarde dos anos 90. Traz mortes criativas (sim, tem dinossauro literalmente comendo gente!) e cenas que vão te deixar na ponta da cadeira.
Apesar das falhas e de um roteiro que poderia ter sido mais bem trabalhado, o filme entrega o que promete: ação, aventura, dinossauros e aquela boa e velha nostalgia jurássica que, no fim, ainda conquista o público.

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