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Foto do escritorDaniel Miranda

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Demorei muito mais tempo do que me orgulho para finalmente assistir a este excelente filme, depois de ler o excelente livro. Senti falta de alguns detalhes, que vou comentar a seguir. Nada que tire o brilho da obra dirigida por Zemeckis, apenas poderia tê-la tornado ainda mais brilhante.



Sobre o roteiro: O filme é baseado no livro de Carl Sagan, que na verdade foi feito originalmente para ser o roteiro de um filme mesmo. Porém, devido a altas tretas, o filme acabou demorando mais de uma década pra realmente acontecer, e sofreu várias alterações de roteiro no caminho.

Uma importante pesquisadora, depois de muitas tentativas frustradas e várias humilhações por suas aspirações, finalmente consegue provas de haver vida inteligente fora do planeta, recebendo transmissões de rádio de um sistema distante. Decodificando estas transmissões, chega-se a um complexo manual de instruções de como criar uma caríssima máquina. O que ela faz? Não se sabe. Há um intenso debate na sociedade mundial sobre se essa máquina deve ou não ser construída. Diferentes pontos de vista são confrontados, principalmente a visão da fé e a da ciência, antagônicas na maior parte dos casos. O roteiro traz um interessante ponto-de-vista sobre a dualidade dessas visões, e um irônico desfecho sobre isso, que é o ponto alto do filme.

Uma coisa que acho importante pontuar é sobre uma cena do livro, para mim a mais icônica e relevante da obra inteira, que infelizmente não está no filme. É uma cena na qual Ellie tenta convencer um reverendo de que sua fé na ciência é maior do que a fé dele em Deus. Alerta de spoiler sobre o livro: Ellie leva Palmer Joss a um museu da ciência, vai até um pesado pêndulo de Foucault, estica-o em direção a seu rosto, e lhe explica que, com base no que a ciência diz, se ela soltar o pêndulo, as forças que atuarão sobre ele a partir de então farão com que ele não seja capaz de atingi-la na volta. E que se ela estiver errada, o pêndulo esmagará sua cabeça. E ela faz o teste. Mas quando o pêndulo se aproxima do rosto dela, instintivamente ela recua. Ela provou o que disse que iria acontecer, mas se sente imperdoavelmente perturbada por ter hesitado. Era bem fácil ter feito essa cena, não tomaria mais do que 3 minutos de um filme já longo, que poderia muito bem abrir mão dos mesmos 3 minutos em momentos menos importantes. E faria muita diferença no filme. Outra diferença do livro é que nas páginas originais de Sagan, Ellie e Palmer tem uma quedinha um pelo outro que fica subentendida, enquanto no filme é consumada várias vezes. Nada que altere bruscamente o desenrolar dos fatos, porém.


O que este filme tem de especial? Um grande roteiro, um grande elenco atuando muito bem (talvez algum destaque para William Fichtner, que atua como um cego convincente, o que é sempre desafiador), um grande diretor, e grandes efeitos especiais. É um filme que jamais seria um blockbuster, até por sua temática, mas me surpreende que não tenha sido um filme de repercussão bem maior do que teve quando do seu lançamento, e que não seja tão comentado. Grande filme!

Quando e com quem ver este filme? Tem uma cenazinha de sexozinho bem light, nada que novela da Globo não tenha com muito mais ousadia. O grande elemento que deve ser levado em consideração é a dicotomia entre ciência x religião. Estamos vivendo em um país onde o mesmo embate vem sendo travado, e a ciência está sendo massacrada pela religião, então cabe a você saber se vale a pena evitar a companhia de fanáticos religiosos (que podem até gostarem do filme, se assistirem até o final – e se entenderem o que o filme mostra) ou se prefere usar o filme como provocação mesmo, se você estiver do lado da ciência nessa questão. É uma história de Carl Sagan, um dos maiores pensadores ateístas do século XX, ou mesmo da história.

Ficha técnica: Elenco: Jodie Foster – Eleanor Arroway Jena Malone – Eleanor jovem David Morse – Ted Arroway Matthew McConaughey – Palmer Joss James Woods – Michael Kitz John Hurt – S.R. Hadden Geoffrey Blake – Fisher William Fichtner – Kent Tom Skerritt – David Drumlin Direção: Robert Zemeckis Produção: Steve Starkey / Robert Zemeckis Roteiro: James V. Hart / Michael Goldenberg (baseado no livro de Carl Sagan) Trilha sonora: Alan Silvestri 1997 – EUA – 150 minutos – Drama / Ficção científica

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