“Wish: O Poder dos Desejos” será lançado nos cinemas brasileiros em 4 de janeiro de 2024, marcando uma encantadora celebração do centenário da Disney. Sem dúvida, a animação promete cativar o público com sua magia e narrativa envolvente.
Walt Disney nos ensinou há muito tempo que “Quando você faz um desejo a uma estrela, não faz diferença quem você é. Qualquer coisa que seu coração desejar virá até você.” Essa é, essencialmente, a premissa de “Wish”, que resgata a encantadora magia das animações clássicas que tanto sentimos falta nos dias de hoje.
A trama desenrola-se ao redor de Asha (Ariana DeBose), uma jovem de 17 anos que reside no reino de Rosas, uma terra mágica também conhecida como o Reino dos Desejos. Governado pelo Rei Magnífico (Chris Pine), um feiticeiro belo (e um tanto narcisista), que oferece a promessa de realizar os desejos mais profundos de seus habitantes. Quando os cidadãos atingem a maioridade aos 18 anos, entregam seus desejos ao Rei, confiando-lhe a responsabilidade de cuidar e realizar alguns deles a cada ano. Um detalhe intrigante: após a entrega do desejo, ele é completamente esquecido pelo doador.
Inicialmente, o objetivo de Asha na trama é bastante simples: tornar-se aprendiz do rei para realizar o desejo de seu avô, que está completando 100 anos. No entanto, é somente após seu encontro com Magnífico que Asha percebe as verdadeiras intenções do rei e a triste realidade de que muitos dos desejos de seu povo nunca serão realizados.
Determinada, Asha decide empenhar-se ao máximo para devolver os desejos ao seu povo, permitindo que cada indivíduo tenha a oportunidade de realizá-los por si mesmo. O produtor Peter Del Vecho destaca que não é suficiente apenas fazer um desejo; é preciso trabalhar arduamente para transformá-lo em realidade, à semelhança do que Walt Disney fez ao perseguir seu grande sonho de disseminar esperança pelo mundo. Afinal, a realização dos desejos é um direito único de cada pessoa.
Seguindo os passos de alguns personagens emblemáticos da Disney, como Geppetto e Tiana, Asha faz um pedido a uma estrela cadente enquanto entoa uma canção poderosa e bela. Seu desejo é tão impactante que a estrela responde, descendo do céu em uma luz brilhante que toca os corações de todos em Rosas, fazendo o rei perceber que algo está errado.
A partir desse instante, percebendo a ameaça iminente ao seu reinado, o rei busca desesperadamente a magia proibida, resultando na entrega de seu coração às trevas. Nesse momento, testemunhamos uma transição marcante, em que o rei, outrora benevolente, se transforma em um monarca malévolo, com destaque para a intensificação do verde em seus olhos e ao redor de seu corpo. Essa tonalidade remete de maneira proeminente aos grandes vilões da década de 90, como Malévola, Rainha Má, Scar, Úrsula, entre outros.
De acordo com o livro “The Designer’s Dictionary of Color”, o chartreuse, uma cor que transita entre o verde e o amarelo, é associado a conotações negativas como inveja, ódio e problemas mentais. Essa escolha de cor reforça a transformação sombria do personagem e adiciona profundidade psicológica ao seu declínio moral.
Asha toma a decisão corajosa de confrontar o rei, buscando libertar todos os desejos que estão sob o seu domínio. Para essa empreitada, ela conta com a colaboração da estrela e de seus sete amigos no palácio, cujas identidades remetem de imediato a personagens clássicos que os espectadores logo reconhecerão. Aliás, o filme é repleto de referências incríveis, algumas facilmente perceptíveis e outras destinadas aos fãs mais devotados. Personagens clássicos da Disney fazem aparições, algumas em cenas evidentes, enquanto outras são mais sutis, destinadas aos observadores mais atentos.
É relevante destacar que as referências não interferem de maneira alguma no desenvolvimento da trama; pelo contrário, desempenham perfeitamente sua função ao prestar homenagem ao vasto universo da Disney, adicionando camadas de apreciação para os fãs enquanto a história se desenrola de maneira coesa.
Outro aspecto a ser enfatizado é a abordagem híbrida de animação, combinando elementos 2D e 3D. Logo à primeira vista, o espectador ficará encantado com a beleza da fotografia, que evoca a estética de uma pintura em aquarela. As paisagens são retratadas com uma exuberância que cativa, as cores deslumbram e a qualidade da animação se destaca de maneira impecável.
No entanto, nem tudo são flores. Os acontecimentos no filme se desenrolam de forma bastante acelerada, e o desfecho também é resolvido de maneira rápida e clichê. Os roteiristas fizeram uma tentativa de inserir referências adicionais, desta vez mais evidentes, na esperança de cativar a atenção do público no desfecho. Contudo, em minha opinião, essa abordagem não surtiu o efeito desejado, resultando em um desfecho superficial e carente de emoção.
Embora a trilha sonora, composta por Julia Michaels e Benjamin Rice, exiba arranjos belíssimos e letras poderosas, tanto na versão original quanto na brasileira, e as vozes dos dubladores, Luci Salutes (Asha), Raphael Rosatto (Rei Magnífico) e o talentoso elenco, dirigido musicalmente por Felipe Sushi, se encaixem de maneira perfeita, é possível que as músicas não atinjam a mesma capacidade de se transformarem em grandes hits “grudentos” como os anteriores: “Não Falamos do Bruno” (de Encanto) e “Livre Estou” (de Frozen), por exemplo.
No geral, “Wish: O Poder dos Desejos” é um filme que certamente encantará crianças, famílias e, especialmente, os fãs mais fervorosos da Disney que há muito anseiam por uma obra capaz de reacender a magia característica da empresa, tudo isso sem recorrer aos tradicionais elementos de príncipes, princesas e romances. Para encerrar, o filme presenteia o público com uma cena pós-créditos maravilhosa, repleta de emoção e nostalgia. Aguardar por essa surpresa definitivamente vale a pena. Fica a dica!
Ficha Técnica:
Data de lançamento: 4 de janeiro de 2024 (Brasil)
Gênero: Musical , Fantasia
Tempo de duração: 96 mins
Roteiro: Jennifer Lee, Allison Moore
Diretores: Fawn Veerasunthorn, Chris Buck Direção: Chris Buck ,Fawn Veerasunthorn Música: David Metzger (trilha), Julia Micheals (canções) ,Benjamin Rice (canções) Orçamento: US$ 175–200 milhões Produção: Peter Del Vecho, Juan Pablo Reyes
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