Sinopse: Em 1999, a adolescente Celeste (Raffey Cassidy) sobrevive a uma violenta tragédia. Depois de cantar em uma cerimônia de cremação, Celeste se transforma em uma pop star iniciante com a ajuda de sua irmã compositora (Stacy Martin) e um gerente de talentos (Jude Law). A ascensão meteórica de Celeste à fama e a simultânea perda de inocência se encaixa com um ataque terrorista que desestabiliza a nação, elevando a jovem a uma potência e um novo tipo de celebridade: ícone americano, divindade secular, superstar global. Em 2017, a adulta Celeste (Natalie Portman) está se recuperando depois de um incidente escandaloso que descarrilou sua carreira. Em tour com seu sexto álbum, que traz uma coletânea de hinos sci-fi intitulado “Vox Lux “, o pop indomável de boca suja deve superar as lutas pessoais e familiares de Celeste e navegar pela maternidade, loucura e fama inabalável na Era do Terror.
O novo filme de Brady Cobert (direção e roteiro), com produção executiva de Natalie Portman (também protagonista), Jude Law e Sia (responsável também pela composição de algumas das músicas), e já estreou fora do país no final do ano passado. É daqueles filmes de dividir a plateia entre pessoas que acharam ter perdido 2 horas e aqueles que captaram a essência da história que é contada.
O filme conta a historia de Celeste, interpretada por Raffey Cassidy na adolescência e por Natalie Portman na vida adulta, e que, segundo a narração na voz de Willian Dafoe, era uma menina sem nada de muito especial mas que sempre teve um “quê” a mais que despertava algo nas outras pessoas. Um dia, despretensiosamente – e estou evitando spoilers aqui – ela canta em público uma música, escrita por sua irmã, que descreve um trauma pelo qual passou e a partir daí, passa a ser agenciada por Jude Law.
O filme é permeado de elementos que remetem a filmes do final dos anos 90 e inicio dos anos 2000, como luzes marcadas, a fonte escolhida para os letreiros inicial e final, a fotografia, Bjork, roupas, cenários e a própria apresentação no show de Celeste (já que foi fiel aos shows de pop que ocorriam naquela época). Todos esses elementos se unem para trazer o pano de fundo de Celeste, que é apresentada como uma menina temente à Deus, religiosa e “certinha”, para, aos 31 anos, se tornar uma mulher mimada e que é cheia de conversas desconexas e abstratas.
Aliás é inevitável a comparação com as imagens de Cisne Negro, já que Natalie Portman mais uma vez interpreta uma artista e faz performances em um show. A roupa com plumas e os penteados de Celeste enquanto se mostra para o seu público parecem ser referências diretas ao filme que deu o Oscar à atriz.
A história é contada em 4 partes: o Prelúdio, Gênesis, Regênesis e Final e em cada uma, com elementos marcantes que moldaram a personalidade e a vida de Celeste, que embora tenha nascido de uma tragédia, ocorrida em 1999, é uma pessoa sem profundos questionamentos sobre a vida, que não se sensibiliza muito com as questões que a cercam. As músicas da artista, tocadas durante o filme, permitem sentir essa superficialidade, com exceção da primeira música apresentada no filme, mencionada ali em cima.
Diante de celebridades como Rihanna, Lady Gaga e outras tantas, que abordam questões de lutas sociais em seus trabalhos, Celeste é uma artista fabricada que serve a esse propósito e nada mais além disso. Em uma de suas falas, ela diz gostar da superficialidade música pop porque com ela as pessoas não precisam pensar em coisas profundas e a personagem navega por essa sensação o tempo inteiro, mesmo diante de todas as provações que ela se deparou na vida.
Em uma única cena é onde a sua máscara realmente sai e mostra a sua fragilidade, porém dura tão pouco tempo que não dá nem pra sentirmos pena de Celeste, por ser quem ela é. No fim, todos esperam do artista que ele apenas vá lá e faça o seu show, e é isso que Celeste nos entrega. Quer você aceite ou não, a premissa do filme gira em torno disso e o filme entrega precisamente isso.
O filme em si tem um bom ritmo, a história se desenvolve bem porém dá a impressão que em alguns pontos “falta algo”, como o que prejudicou o relacionamento entre Celeste e a irmã ou sobre como, mesmo sendo uma estúpida, a filha e a irmã de Celeste não desistem dela por nada. Nesses momentos que o telespectador pode se perder e por tantos outros é que pode ser difícil digerir a história que é contada. No final, não é um filme acima da média mas pode render à Natalie Portman uma indicação ao Oscar.
Segundo a distribuidora, o filme tem previsão de estreia no Brasil para 28 de março nos principais cinemas do país.
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