Olá, pessoal! No mês de setembro comemora-se o mês dos surdos e no dia 26 de setembro é o Dia dos Surdos. É uma época bastante comemorada pela comunidade surda e representa a resistência e lutas em prol da inclusão. Por isso, hoje estou aqui para divulgar um projeto incrível chamado TABULEIRO ACESSÍVEL.
Nós, do Pãogeekeijo acreditamos que, assim como Huizinga em Hommo Ludens, jogos são inerentes ao homem. Se é assim, os jogos deveriam então ser acessíveis a todos, certo? Contudo, normalmente não são.
Para vocês terem uma noção do quanto a acessibilidade é restrita, podemos citar o jogo The Last of Us 2, lançado esse ano, mas que é um dos primeiros grandes títulos de game digital, que trabalhou adequadamente o recurso de acessibilidade, inclusive para pessoas com deficiência visual. (Falando nisso, tomara que isso incentive outras empresas de jogos a investirem na inclusão). O fato é que ainda há um longo caminho a ser percorrido no universo da acessibilidade.
Mas, aqui em Minas, por outro lado, uma turma muito boa de serviço já vem construindo um projeto sensacional nesse aspecto: o Tabuleiro Acessível. A iniciativa visa criar oficinas de jogos de tabuleiro totalmente acessíveis para qualquer pessoa. Assim, é possível estimular a inclusão de um público normalmente excluído desse mercado.
O Tabuleiro Acessível utiliza conhecimentos sobre a cultura surda, práticas de acessibilidade e diálogo entre seus participantes, para criar uma dinâmica inclusiva. A partir de uma mesa de jogos divertidos e desafiadores, os surdos são conectados com os ouvintes, por intermédio dos intérpretes de Libras.
Há também no projeto, a realização de mesas de RPG (jogo de interpretação de personagens), para pessoas cegas, com fichas adaptadas em Braile, além de um aplicativo de dados sonoros e uma forma narrativa pensada para esse público. Nesse aspecto, já foram realizadas mesas presenciais e cinco sessões online, que contaram com participantes cegos e de baixa visão.
O pessoal do Tabuleiro Acessível tem um trabalho que vai além da acessibilidade: os jogos também estimulam a socialização e o desenvolvimento cognitivo, mostrando a relevância dos jogos analógicos.
O projeto foi criado em pelo psicólogo e intérprete de Libras Rafael Ribeiro em 2017. Atualmente possui na equipe Instrutores de jogos com diversas formações e experiências. Fizemos uma breve entrevista com o pessoal para entender melhor essa iniciativa. Confira!
PGK: Como surgiu a ideia para criar o Tabuleiro Acessível?
Rafael percebeu quando estudava Psicologia e Libras, o quanto não havia acessibilidade nos jogos em que tanto se divertia. Por consequência, convidou uma surda para um evento de jogos, sendo essa a experiência piloto. O primeiro evento ocorreu no dia 02 dezembro de 2017, em um dos museus de Belo Horizonte.
PGK: Existe alguma pesquisa realizada sobre o projeto Tabuleiro Acessível?
Sim. A revista MAIS DADOS explicou bem o escopo do projeto: inovação social e acessibilidade. No artigo “Projeto Tabuleiro Acessível: uma experiência de inovação social com jogos de tabuleiro”, escrito por Sabrina et al (uma das intérpretes e instrutoras), há mais detalhes sobre a experiência e proposta do Tabuleiro. Confira AQUI.
PGK: Vocês têm uma noção de quantas pessoas o projeto já alcançou?
O projeto já alcançou bastante gente! Já foram realizadas 46 oficinas e 4 lives durante esses quase três anos de existência, sendo atingidos diversos públicos em diversos ambientes. Já foram realizadas oficinas em escolas, eventos de tecnologia, espaços culturais dos surdos e museus, dentre outros.
PGK: Hoje quem compõe a equipe do Tabuleiro Acessível?
Ainda estamos atuando em nível de voluntariado. A equipe atual é composta por 15 pessoas. Sendo voluntariado, entraram novos instrutores e alguns saíram. Por toda essa equipe, do presente e do passado é que se alcançou o ponto atual. São intérpretes ou estudantes de Libras e amantes de jogos de tabuleiro. Também contamos com uma instrutora surda, um fotógrafo e um narrador de RPG. É importante homenageá-los citando seus nomes (e divulgando suas redes sociais), e são eles:
1) Aline Roseli: Instrutora de jogos (Instagram)
2) Ana Clara: Instrutora de jogos surda (Instagram).
3) Bruno Colombarolli: Fotógrafo. (Instagram).
4) Diogo Mathias: Narrador de RPG. (Instagram 1 e Instagram 2).
8) Izabella Batista: Instrutora de jogos.
9)Leandro Aquino: Instrutor de jogos e gamer (Facebook).
13) Vicente Henrique: Instrutor de jogos e Intérprete (Instagram).
Ainda há muitos que um dia já estiveram conosco, mas hoje estão apoiando e torcendo para que tudo dê certo.
PGK: Como funciona o trabalho?
Trabalhamos com instrutores de jogos, que tornam possível a conexão entre os jogadores, sejam eles surdos ou ouvintes. Também atuam no RPG para pessoas cegas ou baixa visão. É essencial para o funcionamento da metodologia o conhecimento dos jogos, do público-alvo, bem como ao menos uma pessoa que saiba sobre Libras e cultura surda.
Ainda não trabalhamos com a adaptação de jogos físicos. Há uma exceção com as fichas de RPG, que foram adaptadas para o Braile pelo nosso narrador de RPG Diogo Mathias. No futuro é uma possibilidade a ser considerada.
Você pode conhecer mais sobre o projeto, através dos links que indicarei a seguir. Ajude a divulgar essa iniciativa incrível e faça com que milhares de pessoas possam saber da grandeza do Tabuleiro acessível.
E como as pessoas fazem para adquirir um dos seus jogos?
O projeto não comercializa os jogos então caso você tenha interesse, pode entrar em contato para saber informações sobre oficinas, palestras ou lives sobre o tema! Temos também parceiros que comercializam, podem entrar em contato para saber deles também.
É um trabalho feito com muito carinho e rodeado de gente muito competente! Eles têm jogos bem interessantes e certamente você conhece alguém que vai gostar muito de saber que jogos assim existem.
Você pode conhecer mais sobre o projeto através dos links que indicarei a seguir. Ajude a divulgar essa iniciativa incrível e fazer com que milhares de pessoas possam saber da grandeza que TABULEIRO ACESSÍVEL é!
Obrigada e até a próxima!
*Todas as imagens usadas nesse post foram cedidas por Tabuleiro Acessível.
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