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Foto do escritorDaniel Miranda

O Esquadrão Suicida: A Caixinha de Areia de James Gunn.

Nós sabemos o quanto James Gunn é um excelente diretor, o sucesso de Guardiões da Galáxia nos mostra isso, ninguém imaginava ou apostava que aqueles heróis completamente desconhecidos do público geral seriam tão bem-sucedidos nas telonas. A comédia e a química daqueles personagens são fruto da genialidade da direção, porém com toda a supervisão da Marvel Studios e a mão de Kevin Feige. Naquela época tudo parecia ir tudo bem, até que em 2018 a Disney decidiu demitir James Gunn por tweets bastante antigos que vieram à tona recheados de piadas polêmicas feitas por ele, tweets esses que não vem ao caso discutir agora, mas tal fato fez com que a Warner visse o ocorrido como uma grande oportunidade, trazer o diretor para a DC. Em menos de uma semana Gunn assinava o contrato com a concorrência.

E o que a Warner tinha para oferecer? Nada mais, nada menos do que Esquadrão Suicida somado a uma total liberdade criativa, tanto no roteiro, casting, direção e um corte adulto, ou seja, um playground para a mente maluca de James Gunn. O resultado disso? Na minha opinião, o melhor filme da nova safra da DC, quiçá o melhor já feito desde O Cavaleiro das Trevas.

A liberdade dada pela Warner é o grande diferencial desse filme, assisti-lo é uma experiência insana, com comédia e violência na medida certa, discussão política, crítica social, reflexões existenciais, você ri e até se emociona. A construção dos personagens é incrível, e não são poucos o que faz isso algo muito difícil. Trabalhar várias personas e mantê-las com o mesmo tempo de tela é desafiador e o filme consegue trazer um equilíbrio entre os protagonistas. Nada é jogado, tudo é bem construído, você conhece a história de cada um e se importa com eles, o que é fenomenal. Aqui o nome do filme é levado a sério e você teme pela vida dos personagens, é sabido que fazer parte de um esquadrão suicida é ter a morte quase como certa o que eleva a tensão do expectador.

E o que seriam desses personagens incríveis se não fosse o elenco, preciso destacar alguns a começar por Viola Davis que elava a barra da atuação, roubando a cena como Amanda Waller fazendo uma aterrorizante e cruel chefe do esquadrão, você ama odiá-la. Margot Robbie e sua amável Arlequina, não tem como enjoar dessa personagem tão icônica, suas piadas surtadas e bem colocadas de acordo com a sua personalidade é genial, ela protagoniza uma das melhores cenas de ação do filme em uma sequência de luta espetacular. John Cena como Peacemaker, o quanto é carismático é esse ator, não é atoa que terá a sua própria série na HBO MAX, você entenderá o motivo. Daniela Melchior é a grande surpresa como Caça-ratos 2, como imaginar uma “heroína” que controla ratos pode ter tanto destaque no filme e fazer todo o sentido para a trama. Idris Elba como Bloodspot está incrível, além protagonizar excelentes cenas de ação é o que melhor interage com os demais personagens gerando os melhores diálogos. E por fim o que pra mim foram os melhores destaques, principalmente no quesito comédia que é o Tubarão Rei, interpretado por Sylvester Stallone, que gera piadas que misturam inocência e violência; e finalmente o meu preferido, o Bolinha, interpretado por David Dastmalchian, seu personagem é responsável pelas piadas mais nonsenses do filme, é simplesmente hilário e inacreditável.

O Esquadrão Suicida é um filme eclético, tem de tudo um pouco na medida certa, é James Gunn sem coleira em seu melhor trabalho, o mais surtado, o mais quadrinho e sem medo de ser ridículo. Não é perfeito, o primeiro ato começa muito bem, direto ao ponto. O segundo é deveras arrastado que pode incomodar alguns, mas o terceiro ato é o melhor terminando muito bem com um final surpreendente e apoteótico.

Sirvo nove pães de queijo e um mordido para esse filme maravilhoso que me fez esquecer completamente aquela bomba feita em 2016.

OBS: Tem cena pós crédito!

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