O capítulo final da uma franquia que nasceu despretensiosamente chega aos cinemas nos próximos dias. Nele, John Wick (Keanu Reeves) continua a sua saga para se libertar dos dogmas da Cúpula e finalmente descansar em paz.
Para os fãs dos filmes, John Wick 4 não decepciona e mantém tudo o que nos cativou por tantos anos: os ambientes noturnos com iluminação que mistura elementos retrô e futuristas, a Cúpula e sua estética vintage e as famílias que funcionam às ocultas do mundo que nós conhecemos.
A história
No primeiro filme da franquia, Wick era um dos mais temidos mercenários assassinos do mundo e estava aposentado, após perder a sua esposa. Porém, enquanto estava descansando em casa, foi surpreendido por uma horda de ladrões que assaltaram sua casa sem ter a menor noção de quem ele era.
Durante o assalto, mataram o seu cachorro, animal de grande afeto de Wick. Nisso inicia uma jornada em que John interrompe a sua aposentadoria e volta ao universo dos assassinos.
Imagem: divulgação
No terceiro filme, John terminou sua jornada traído por quase todos e levou um surpreendente tiro, sendo jogado do alto de um prédio e deixado lá para morrer. Agora, depois de contar com poucos amigos e perseguir de bandidos rasos a importantes membros que trabalham para a Cúpula, John Wick volta à “vida” em busca de paz.
O homem estava em paz antes, foi perturbado e passou todo o tempo buscando retomar a essa mesma paz de antes. Porém, só havia um meio de descobrir como ficar livre da Cúpula e dos mercenários, e é esse encerramento que o filme nos traz.
Ocorre que isso não vai ser fácil, e enquanto a história avança, a sensação de risco aumenta cada vez mais. Cada passo de John enfurece ainda mais a Cúpula, que aumenta gradualmente a recompensa pela sua cabeça.
O bom é que esse filme expande ainda mais a mitologia por trás de Wick e o universo que ele vive. Já conhecíamos a Cúpula, os russos, o oráculo, os hotéis e outras famílias, mas agora conhecemos um pouco mais, com novos personagens e novos contextos.
Como de costume, há também uma cena de ação muito boa com plano sequência. É algo diferente de qualquer coisa que assisti antes e sinceramente é até difícil acreditar que era o próprio Keanu ali fazendo todas aquelas sequências de movimento e tiro.
Fotografia, cenários e ação
Além de ser o segundo filme que mais gosto da franquia – depois do primeiro – esse filme tem uma fotografia incrível que conversa até demais com o John Silverhand de Cyberpunk 2077. É impossível, para quem teve acesso ao jogo, não lembrar do jogo enquanto Wick anda por Osaka e seus prédios iluminados.
Como qualquer filme de ação que envolva alguma organização internacional, em John Wick 4 os personagens passam por vários cenários: tem cenas de perseguição no deserto, cenas no Japão e em becos escuros de Paris. São locações incríveis, embora suspeite que boa parte delas, principalmente a cena em Sacre Coeur, tenha sido toda feita em croma key.
Os novos personagens são carismáticos, nada diferente de outros que foram apresentados ao longo da franquia: todos são uma ponte para Wick, seja para ajudá-lo, seja para confrontá-lo e assim, fazer ele chegar a um novo ponto da história. Um destaque especial para Caine (Donnie Yen), que faz contraponto com Wick e está sensacional.
Também, como de costume, a participação feminina não é um ponto forte do filme. Duas personagens trocam conversa diretamente com Wick, mas são tão secundárias quanto outros personagens que passam pela história.
Vale a pena?
A meu ver, o único ponto negativo é a duração do filme. Apesar de um ritmo constante com boa dosagem de ação, piadas e diálogos, o filme tem desnecessariamente 169 minutos de duração. Com meia hora a menos, daria para contar a mesma história com até mais maestria, já que nesse caso ninguém espera uma história profunda com grandes questionamentos.
O filme contas com participações conhecidas como Ian McShane como Winston, Laurence Fishburne como King e Lance Reddick como Charon. Tem também Shamier Anderson como o rastreador (ou Sr. Ninguém), Bill Skarsgard como Marquês, Hiroyuki Sanada como Shimazu e Donnie Yen como Caine (interpretando, novamente, um deficiente visual).
Ah, uma curiosidade que é um assunto sensível para os fãs: sim, há cachorros no filme e nenhum deles é fatalmente ferido na história.
Baba Yaga está de volta mas, dessa vez, para encerrar a sua jornada e encontrar a paz que tanto almeja. Digo “encerrar” pois ele consegue o que quer, mas há boatos que um quinto filme poderá ser produzido.
E, se eu fosse fã, certamente iria conferir esse filme nos cinemas a partir do dia 23 deste mês.
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