Nem todo herói usa capa, tem superpoderes e é destemido, Indiana Jones nos prova que um herói pode usar chapéu, não ter superpoderes e ter medos de cobras, foi com essas características básicas criadas por George Lucas aliadas a direção de Spielberg, a trilha impecável de John Williams, o clima de aventura e o carisma ímpar de Harrisson Ford que o professor e arqueólogo Indy se tornou uma dos maiores ícones da cultura pop onde muitos consideram “Os Caçadores da Arca Perdida” como um dos melhores filmes de ação de todos os tempos.
Esse é o peso e a responsabilidade que o novo e provavelmente o último filme da franquia traz em suas costas, Indiana Jones e o Chamado do Destino chega aos cinemas no próximo dia 29 de junho cheio de incertezas com a promessa de resgatar a essência da película no qual alguns afirmam que fora perdida em “O Reino da Caveira de Cristal”, outra desconfiança é que pela primeira vez que Spielberg não está na direção fincando somente na produção e deixando a antiga função para James Mangold de Logan (2017), mas podem ficar tranquilos, Steven deixou Indy em boas mãos, se esse era o medo podem ficar tranquilos, pois o atual diretor cumpre muito bem o seu papel, fã declarado, Mangold cuida com carinho da franquia respeitando toda a sua essência, deixando Harrison Ford bem a vontade, que mais uma vez incorpora o carismático personagem com maestria. Aos 81 anos, Ford demonstra toda a sua habilidade e carisma, proporcionando uma experiência nostálgica e emocionante para os fãs da franquia, sua idade não atrapalha e as piadas em torno desse assunto funcionam, o fator notalgia é muito bem lembrada, toda a iconografia está em tela com alguns “easter eggs” e referência e o clima de aventura estão ali, o retorno de John Rhys Davies como o icônico Sallah traz um elemento de familiaridade além de outras surpresas.
O CGI que foi um grande problema no último filme, aqui funciona bem, principalmente no que diz a respeito ao rejuvenescimento de Ford na cena inicial que comparados a outros filmes recentes se sai muito bem e você de fato acredita que estamos vendo Indy em sua plenitude. As cenas de ação são muito bem dirigidas e bem coreografadas. Outro destaque é a trilha sonora, o lendário John Williams retorna para seu posto e sua trilha icônica permeia o filme de forma magistral em momentos cruciais e marcantes é impossível não se arrepiar quando o tema se destaca em cena.
Em relação às atuações dos demais atores, destaca-se a presença de Phoebe Waller-Bridge, conhecida por seu trabalho na série “Fleabag”, esta que faz a afilhada de Indiana, atua muito bem com Harrison Ford trazendo uma química divertida, mas a grande surpresa a meu ver é a atuação de Ethann Isidore, o ator mirim que inclusive é neto de uma brasileira, traz o personagem Teddy com muita leveza, com uma atuação natural e nada forçado tal qual a criança famigerada de Adão Negro.

Já outras atuações são rasas como a de Boyd Holbrook interpretando o vilão genérico Kabler e Mads Mikkelsen sendo Mads Mikkelsen, a impressão que eu tenho que este ator quando faz um vilão imprime sempre a mesma vibe ou a mesma energia, não se contempla a atuação, mas a pessoa em si, porém nada que atrapalhe a experiência. Cabe mencionar a participação muito rápida e pouco explorada de Antonio Banderas, um ator desse calibre era de se esperar um tempo de tela e relevância maior, mas não é isso que acontece.

O maior problema do filme para mim seja o ritmo, por alguns momentos o achei um pouco arrastado comparados aos anteriores, a minha estranheza vai muito pelo fato de “O chamado do Destino” seja o filme mais dramático da série, é trazido nele um tom mais sério, algo que acontece mais no primeiro ato e algumas vezes em outros momentos do filme, porém ele vai em uma crescente que nos leva a um terceiro ato surpreendente com um final que me deixou com um sorriso no rosto.

Indiana Jones e o Chamado do Destino é um filme divertido, emocionante que cumpre seu papel no quesito nostalgia e respeito a franquia e que traz elementos importantes do filme original com boas cenas de ação, boas piadas, muito carisma e principalmente o elemento aventura que é a essência de Indiana Jones, mesmo com problemas de ritmo o filme traz de volta para os fãs o legado de Indy.
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