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Foto do escritorDaniel Miranda

GRIS: uma experiência única e profunda

Desenvolvido pelo estúdio espanhol Nomada, GRIS foi lançado em 2019 e trouxe algo novo para a indústria. Ganhou diversos prêmios, como o Games for Impact do The Game Awards e o Best Art e Best Game no Big Festival, todos de 2019.

Adquiri GRIS após a indicação de uma amiga, que dizia ser um jogo “musical”. Eu, que não sou lá fã de musicais, demorei a animar e finalmente resolvi pegar para jogar.

Segundo a página oficial na Steam,

Gris é uma jovem esperançosa, perdida em seu próprio mundo, que lida com uma dolorosa experiência. Sua jornada pela tristeza se manifesta em seu vestido, que concede a ela novas habilidades para navegar melhor por sua realidade desbotada. Ao longo da história, Gris evolui emocionalmente e passa a ver o mundo de outra forma, revelando novos caminhos para explorar com o uso de suas novas habilidades.



Por escolha, não li nenhum review sobre o jogo. Sabia apenas o que estava na página oficial e, minha interpretação é de que GRIS é sobre depressão mas não no sentido de despertar gatilhos: é sobre superação, esperança e como a nossa perspectiva sobre situações de escuridão pessoal transformam o mundo em nossa volta.

São inúmeras metáforas e entendo que elas serão interpretadas de formas diferentes para cada um, o que torna o jogo ainda melhor. Há um trabalho narrativo incrível que, aliado a uma jogabilidade fluida e arte com texturas suaves, fazem GRIS ser um importante diferencial na indústria.

A beleza desse jogo não está “apenas” aí e farei um esforço para explicar isso sem entregar qualquer spoiler.

A direção de arte, comandada por Conrad Roset, realizou aqui um trabalho impecável com diversos elementos que se comunicam de forma harmoniosa. O jogo conversa com o jogador não apenas através da música mas também nas cores e nos cenários. Não à toa foi indicado ao prêmio de Melhor Direção de Arte no The Game Awards.

O design do jogo não traz frustração ou qualquer outro sentimento normalmente evocado quando não conseguimos concluir uma tarefa ou não conseguimos concluir com excelência. O jogo é absolutamente intuitivo e possui comandos simples (teclas direcionais WASD além de K e L).

As pequenas conquistas e avanços geram importante sentimento de realização e satisfação. O jogo te diz “os desafios podem ser difíceis mas tudo bem, você consegue”.

A duração do jogo tem papel importante aqui: há quem termine em 2h a 3h, eu terminei em 4h. A notícia boa é que não precisa ter pressa: é relaxante explorar algumas coisas do cenário pela simples sensação boa que isso traz e o jogo não está preocupado em pressionar o jogador a respeito do tempo.

Os efeitos sonoros são muito agradáveis, sejam os passos de GRIS nas folhas secas, nas estrelas ou nos cristais. A voz de GRIS quando canta já te sensibiliza logo na primeira cutscene do jogo. Bem, ali as minhas lágrimas desceram descontroladamente. A genialidade dos desenvolvedores está na capacidade sutil de nos tocar com mensagens tão bonitas, seja visual ou sonoramente.

A trilha sonora é, para mim, o ponto mais marcante: todos os elementos do jogo convergem para sincronizar com o ritmo da música de fundo, a qual, em momentos chave do jogo, cresce o volume e aflora muitas emoções. Foram esses os momentos em que mais me emocionei. As músicas são assinadas pela banda espanhola Berlinist, um trabalho bem diferente do que o que a banda normalmente produz.

É, realmente, uma obra de arte em termos de jogo. É um jogo completo, dispensa sequência principalmente porque é um jogo para ser “sentido”.

Talvez tenha sido um timming não muito bom por razões pessoais e pela pandemia que perdura há um ano. Talvez a Lai antes de colocar as mãos em GRIS era uma pessoa e hoje, terminado o jogo, se tornou outra.

Jane McGonigal fala sobre como os jogos funcionam como um instrumento transformador em quem joga. Começamos o jogo como uma pessoa e terminamos como alguém diferente, com uma nova habilidade, sensação de realização, de conquista, satisfação ou outro sentimento que veio em razão da experiência com aquele jogo.

Bem, de fato sinto que algo mudou. Sou grande admiradora de jogos indie e GRIS despertou em mim a sensação que jogos independentes podem ser tão ou mais tocantes que qualquer outra “grande” produção. Chorei tal como quando joguei Last of Us mas aqui, GRIS comunicou diretamente comigo por razões que não dá para explicar sem entregar as coisas que ocorrem dentro do jogo.

Entendo que o jogo vai tocar cada um de forma diferente e o que GRIS foi para mim pode não ser, nem de perto, o que vai ser para você. Ainda assim é uma das experiências mais marcantes e espetaculares que tive em termos de jogos e é por isso que espalharei a palavra de GRIS para quem eu puder.

O jogo está disponível para PC, PS4, Switch e MacOS.

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