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Foto do escritorLai Caetano

Entrevista com o ilustrador Léo Valença: bom humor e ativismo

Hoje estamos aqui para receber um convidado especial: o ilustrador e cartunista Léo Valença! Léo é formado em publicidade, fez diversos cursos de desenho, cartum e quadrinhos e desde 2002 se dedica a criação de cartuns na internet! Já concorreu e ganhou diversos prêmios e menções honrosas pelos trabalhos que se destacam pelo ativismo ambiental e bom humor.

Vem conferir o nosso bate-papo com ele!

PGK: Como surgiu o interesse na carreira de Ilustrador? LV: Desde criança sempre quis ser desenhista. Eu lia muitos quadrinhos da Turma da Mônica e sonhava um dia ser um Maurício de Souza. Eu gostava de criar personagens baseados em colegas de sala de aula e vendia as minhas revistinhas para eles.

Fiz alguns cursos de desenho no Senac durante a adolescência, entre eles, fiz um curso de desenho de humor que gostei muito. Sempre curti muito humor gráfico e o curso me despertou a vontade de ser cartunista. Em 2002, eu iniciei a minha carreira como cartunista ao publicar o meu portfólio num site de hospedagem gratuita na internet. A partir desse momento, comecei a criar cartuns para vários sites de humor na rede.

PGK: Em que área da Publicidade contribuiu para seu trabalho como ilustrador? LV: Em meu curso técnico de publicidade, eu pude experienciar uma campanha publicitária para uma marca de consumidor e desenvolvi em sua totalidade: da recepção do brief à produção de material gráfico e visual.

Foi um aprendizado bastante enriquecedor que adquiri em minha bagagem, principalmente no que concerne a Direção de Arte. PGK: Quais são as suas maiores inspirações na área? LV: O cartunista é um profissional que está sempre antenado do que acontece ao seu redor, e os problemas que temos hoje de cunho social, político, econômico e, agora a questão ambiental com o aquecimento global que nos afetam diariamente. A questão ambiental tem sido fonte de constante inspiração para as minhas criações artísticas. Eu utilizo representações bem-humoradas através do humor gráfico para chamar a atenção de uma “verdade bastante inconveniente” que está cada vez mais presente em nossas vidas.

PGK: Como veio a ideia de criar “Aquecimento Global em Cartuns”? LV: Na minha infância, sempre tive um contato bastante forte com a Natureza. Na minha fase adulta, com a minha filiação ao Greenpeace e ao WWF Brasil, comecei a ter um engajamento maior na defesa da causa ambiental através do ciberativismo. Como cartunista, eu percebia que o tema do aquecimento global atraía cada vez mais a atenção dos profissionais da área de humor gráfico, que o citavam em salões de humor e exposições.

O tema da ecologia sempre foi abraçado por artistas e agora mais do que nunca com este problema mundial que atualmente pipoca em forma de reportagens, notas e editoriais. O crescimento no número de concursos que exploram o assunto me chamou a atenção, como exemplo, já tivemos o Salão de Humor pela Floresta Amazônica, Salão do Humor da Amazônia – Ecologia no traço, Ecocartoon entre outros.

Preocupado com a importância da preservação do nosso planeta e interessado em contribuir no processo de conscientização da população, tive a ideia de organizar a obra “Aquecimento Global em cartuns”. A publicação reuniu uma coletânea de trabalhos de diversos cartunistas sobre o tema. Eles foram convidados a criar cartuns sobre as consequências do aquecimento global, e assim, despertar a sociedade para a seriedade do problema. Os cartuns abordam a questão do aquecimento global com bom humor e bastante irreverência que visa expressar, através do humor gráfico, um alerta sobre a importância da preservação ambiental em nosso planeta.

PGK: Como foi o processo de criação de Lucas e como surgiu a ideia do projeto “Almanaque Ecológico do Lucas”? LV: Pensando na construção de uma comunidade global sustentável, surgiu a ideia de criar um personagem que trouxesse a importância da sensibilização e da reeducação, começando por nossas crianças. Idealizei um personagem que pudesse se dirigir diretamente às crianças e jovens e a partir daí, também chamar a atenção dos adultos.

Esse personagem chama-se Lucas, e é um duende ecológico. Ele é um defensor da natureza, com um jeito irreverente, perspicaz e com ações totalmente voltadas para a ética, a consciência ecológica e a sustentabilidade. Lucas busca sensibilizar as crianças e jovens para que adotem atitudes corretas em relação às questões do meio ambiente, da sustentabilidade e uma vida mais saudável. Assim, pensei em criar um almanaque do personagem que pudesse ensinar e ao mesmo tempo divertir com textos fáceis, passatempos e desenhos.

PGK: Qual dos seus projetos é o mais especial, que você tem um grande orgulho de ter participado?

LV: Em 2012 organizei no Festival Green Nation uma mostra de cartuns ambientais com diversos cartunistas. Fui convidado pela organização do evento para ser curador dessa mostra coletiva sobre o aquecimento global. O evento tinha como principal objetivo convergir cultura, informação e proteção ambiental a partir de questões que envolvem o futuro do planeta.

PGK: Quais seus projetos para o futuro? LV: Tenho planos de continuar a abordar a questão ambiental através dos meus cartuns. Em breve teremos mais novidades e, quem sabe, um novo personagem ecológico para fazer companhia ao Lucas.

PGK: Como você vê a carreira de ilustrador hoje no Brasil? Quais as principais dificuldades e o que acha que poderia ser melhorado? LV: O cartunista e/ou ilustrador enfrenta muitas dificuldades em publicar os seus trabalhos no mercado editorial nos dias de hoje. Também é relativamente fácil criar sua primeira obra. Lançá-la, no entanto, são outros quinhentos.

As editoras investem em títulos conhecidos do exterior porque eles já estão testados, propiciando assim, o sucesso garantido nas suas vendas. Além disso, existe ainda o problema do preconceito por parte das livrarias e dos leitores.

As livrarias não se arriscam a expor na vitrine uma obra de um artista brasileiro que não seja ilustre e, ao mesmo tempo, o leitor raramente se interessa por esses títulos. É preciso que sejam valorizados cada vez mais os novos talentos dos quadrinhos nacionais tanto por parte do público como das editoras.

PGK: Qual conselho/ dicas você daria para alguém que sonha em ser ilustrador?

LV: Ser ilustrador não é tão fácil quanto parece. Mesmo com a ascensão das histórias em quadrinhos nos últimos anos, muitas pessoas ainda enxergam a profissão como diversão ou simplesmente hobby.

É preciso que o iniciante a carreira se utilize das ferramentas digitais que dispõe através da internet na criação de um portfólio digital. Sabe quando você vai ao shopping pra bater perna, olhar vitrine, entrar nas lojas só para dar uma olhadinha? Pois bem, as pessoas fazem a mesma coisa na internet.. Só que olha a vitrine virtual!

É fundamental tirar os desenhos da pasta e expor para o mundo. Hoje há as redes sociais, e sites especializados em hospedar portfólios de artistas gráficos. Tudo de forma gratuita. Nesse momento de pandemia e isolamento social, a internet torna-se ainda mais, uma forte aliada na divulgação dos nossos trabalhos. Léo Valença é um ilustrador talentoso com uma carreira muito bacana e consciente, buscando contribuir com algo importante para o mundo. Quer conhecer melhor os seus trabalhos? Indicamos esses links aqui:

Ah, e não deixe de segui-lo no instagram também: Léo Valença (@leovalencarj) • Fotos e vídeos do Instagram

Léo, agradecemos muito pela entrevista e te desejamos sucesso!

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