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CURSED: a história da Dama do Lago

Foto do escritor: Daniel MirandaDaniel Miranda

No mês passado estreou CURSED, a nova série da Netflix inspirada na lenda arthuriana que conta, de uma perspectiva bem diferente de tudo o que já se viu, a história de como Nimue se tornou a Dama do Lago.

A série foi inspirada numa HQ de mesmo nome, de Thomas Wheller e Frank Miller.

O problema é que o trailer promete muito, quer dizer … relativamente muito.


Os efeitos especiais são realmente bem legais (mas longe da qualidade de um Drogon cuspindo fogo) e o efeito na pele dos faéricos é bem massa.

Longe de mim que não sou especialista dar um veredicto sobre essa primeira temporada, mas não parece ser algo bem dirigido ou bem roteirizado, o que vai refletir nas atuações.

Não vou fazer aqui nenhuma crítica sobre a fidelidade à lenda do Rei Arthur, até porque isso nunca foi uma promessa da série, mas a série considerada em si mesma tem muitos problemas que acabam exigindo um grande esforço do público para conseguir chegar até o final.

Vamos lá.

A série se passa num contexto em que os Paladinos Vermelhos (um segmento da igreja cristã, num sentido bem genérico mesmo) está travando uma batalha com os pagãos (genericamente falando também, que são na série os faéricos). No meio disso tudo a igreja acaba convencendo o Rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto)a se unir nessa briga, aparecem novos exércitos e mais outros elementos não relacionados diretamente.

Quando assisti o trabalho de Katherine Langford, em “13 Reasons Why“, pareceu ali uma atriz promissora mas Cursed me fez repensar isso, se nessa série ela não estava apenas interpretando uma jovem normal, o que de fato ela é. Por quê? Porque a atuação dela é, com muita sinceridade, bem mais ou menos e não sei dizer se isso é um problema apenas da atriz ou da direção.

Nimue (Langford) é uma personagem rasa: não dá pra entender muito bem as motivações dela. No início, vindo de situações de preconceito que ela sofria na aldeia, possivelmente por ter “poderes”, ela se rebela contra as ordens da mãe e foge. Não tem muita emoção aí, ao contrário de sua companheira Pym (Lily Newmark) que é bastante expressiva, fica preocupada, triste e feliz e mostra uma personagem doce e resiliente.

Daí Nimue, fugida de casa e sem remorso algum, começa a flertar com um estranho (??), se envolve numas tretas e decide, então voltar pra casa. Daí, sem entregar spoiler, aparece uma Nimue preocupada com a vila que ela tanto odeia e com a mãe. Nimue é boa? Nimue é má? Nimue é rebelde? Nimue é frágil, é rebelde, é inteligente, é gentil? Se preocupa com as pessoas a sua volta?

Nimue é poderosa? Não dá pra saber: se tem hora que ela – e outros personagens – são apelões num nível Deus Ex Machina, por outro ela não consegue usar esses mesmos recursos para sair de situações bem complicadas.

A construção da personagem é tão confusa que não dá pra traçar uma personalidade, e a atuação só piora.

Arthur (Devon Terrell), por outro lado, é um personagem um pouco mais cativante que, embora de forma superficial, mostra a evolução de seu arco. No início, era apenas um moleque em busca de uns trocados e cantadas em moças bonitas, para evoluir por alguém que tem coragem e quer lutar pelo que é bom, o que claro, só surge quando ele tem contado com Nimue e Morgana. O engraçado é que ele fala da falta de sensação de pertencimento e abraça uma causa, mesmo sem sentir que faz parte dela (?).

Merlin (Gustaf Skarsgard) é peculiar. O personagem não é nada parecido com a imagem lendária do mago com barba e cabelos brancos. Esse Merlin vive alcoolizado às custas da mordomia do castelo de Uther mas é espertão, num jeito bem malandro mesmo. Alguns pontos relacionados a esse personagem não são lá construídos de uma forma legal e ele só fica interessante quando mostra algumas ligações dele com outros personagens da história.

Já Morgana (Shalom Brune Franklin) aqui era uma freira, não pertence aos faéricos e, de início, não tem nada de especial além da sua integridade moral e a vontade de proteger os desfavorecidos (como os próprios faéricos). Acaba sendo uma régua para o irmão Arthur entrar nos eixos. É uma personagem cativante mas tudo em relação a ela começa a ficar confuso e mal construído até o fim da temporada.

O último personagem importante pra falar aqui é o The Weeping Monk (Daniel Sharman). É um dos antagonistas da série  e sua construção é uma das mais bem feitas da série. Ao final, estava torcendo por ele e querendo que Nimue tivesse uma lição de moral para que amadurecesse.

Além disso, são tantas histórias ligadas, entrelaçadas e etc. que fica confuso não só durante a série mas também quando terminamos tudo. No início parece uma sucessão de eventos que vão ligar os personagens ao final mas não chega nem perto disso, na verdade.

A série foi renovada para a segunda temporada mas se não tentar ser mais coerente e menos confusa, pode ser que não dure uma terceira temporada.

Edit:

Essa DLC inspirada na série CURSED foi anunciada para o jogo Black Desert (PS4). O visual tá bem bonito então fica aí uma dica para quem quer entrar no universo criado por Wheller e Miller e esquecer um pouco a série:


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