A partir de fevereiro a Netflix começou a primeira etapa de renovação do conteúdo com disponibilização de obras do Studio Ghibli. Ao todo vão entrar no catálogo da empresa 21 filmes, em três etapas (em 1º de fevereiro, 1º de março e 1º de abril).
Escolhemos, dessa vez, CONTOS DE TERRAMAR (2006), que já está disponível lá, para fazer uma análise (sem spoilers) e deixar você informado para saber se deve ou não dedicar 2h para ver esse filme.
O filme foi baseado nos quatro primeiros livros A Wizard of Earthsea, The Tombs of Atuan, The Farthest Shore, e Tehanu da franquia Terramar escritos pela autora Ursula Kroeber Le Guin. Foi dirigido por Gorô Miyazaki, filho de Hayao Miyazaki, e segundo a opinião da autora dos livros, o filme é apenas inspirado em sua obra, mas com ela não tem uma ligação mais profunda.
Sinopse
Li várias sinopses por aí (algumas exemplifico abaixo) mas essa em negrito é a que melhor reflete a história.
Algo estranho e assustador paira sobre o Reino de Terramar. Com a vinda de dragões de terras distantes, o mundo humano e dos dragões não devem ser tocados. Quando este fenômeno ocorre, Ged, um dos arquimagos mais poderosos do mundo, decide investigar o que acontece. Em sua jornada, ele conhece Arren, um jovem príncipe, vítima de seus fantasmas do passado que lhe atormentam um lado escuro que o assombra, e em momentos críticos, concede o poder do ódio e a crueldade. Esse poder é usado para proteger Theru, uma jovem misteriosa, arisca no inicio mas após conhece-lo melhor, fica ao seu lado. No entanto, o ódio e a crueldade de Arren atraem o olhar de Cob, rival de Ged, e como uma das mais poderosas bruxas das trevas do Reino tenta se aproveitar dos poderes dele em busca de vingança e mais poder.
Uma outra sinopse é encontrada em diversos sites, mas, a meu ver, ela não tem relação com o filme em si: “As plantações estão em declínio e os animais, morrendo na região de Terramar. Um homem e um garoto passam a investigar os por quês da iminente catástrofe”.
Nem a sinopse da Netflix reflete muito bem a história: “Um arquifeiticeiro conduz um príncipe problemático e sombrio em uma jornada para descobrir a fonte do mal que o habita e salvar a mulher que eles amam.”.
O filme em si
Sabendo que não é um filme original de Hayao, a expectativa precisa ser baixa. Falta, nesse filme, aquela essência característica de outras obras do Studio Ghibli: a leveza, o humor, a pureza e uma narrativa coerente, com pontos que vão se entrelaçando e sendo traduzidos numa mensagem especial.
Em Contos de Terramar, o filme inicia num ritmo agitado, lançando várias informações que pensamos ser importantes para a historia mas que, dali a meia hora de filme, vão ser descartadas quando novos elementos são introduzidos, juntos com uma desaceleração da narrativa que pode tornar o filme muito cansativo de assistir. Enquanto na primeira parte temos a inserção de vários elementos de literatura fantástica medieval, o filme segue sem centrar muito nisso. É uma sensação sempre de “uai, mas e aquilo no começo, ninguém vai falar nada, cobrar nada?”.
Os personagens são genéricos, num aspecto geral, e o arco principal trabalha muito pouco as motivações que levam a cena final. Diferente dos grandes títulos assinados pelo estúdio, não há uma mensagem importante sendo construída – ou se é, ela é cheia de pontas soltas.
A própria sinopse sobre declínio de plantações e animais é pouco – ou quase nunca – explorada, sequer a ideia investigativa que dá a entender.
Isso pode ser o que justifica a avaliação baixa no IMDB: 6.5/10.
Pra não ser totalmente injusta com a obra, o aspecto visual é incrível: os cenários aquarelados parecem verdadeiras obras de arte e dão um aspecto muito agradável ao filme. Em termos visuais, também não é a melhor obra do estúdio mas isso não desmerece o trabalho dos artistas que se dedicaram à criação daquelas paisagens e cenários. A crítica aqui está mais focada na direção e no roteiro.
Entendendo tudo isso, é mais seguro ver o filme e não se decepcionar. Basicamente é um filme morno, mas divertido e com um aspecto visual incrível.
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