Estreia recente na Netflix, o filme conta com direção e roteiro de Peter Thorwarth (A Onda) e Peri Baumeister (Nadja), Alexander Sheer (Eightball), Gaham McTavish (Coronel) e Dominic Purcell (Berg). O trailer já entrega boa parte da história:
Como pretendo trazer aqui uma opinião sem spoilers, o texto vai considerar quem sequer viu o trailer mas sabe, pelo menos, do que o filme se trata (considerando a sinopse e o material de divulgação).
O filme misturou elementos de terror sobrenatural com ação, a começar pelo enredo principal que é um voo sequestrado por terroristas. Nadja, uma mãe misteriosa que é dependente de determinada medicação, está nesse voo com seu filho, Elias, a caminho de Nova York e faz tudo o que pode para ser o mais discreta possível, ainda que às vezes a natureza a possa trair.
Durante o voo, terroristas (caucasianos, importante reforçar) começam a executar o plano de tomar o avião, sequestrar dados, colocar a culpa em passageiros de origem árabe (ou que tenham relação com países árabes), fraudar a caixa preta e evadir. O pânico se alastra durante o voo e mostra claramente como que a única preocupação de Nadja é o bem estar de seu filho.
Uma das coisas que mais me agradou no filme é trazer o lado “monstruoso” dos vampiros, algo raro no cinema em meio a tantas representações que associam a figura à beleza estonteante. Os trejeitos, gestos, o gutural e além disso, um dos vampiros com uma aparência tão icônica quanto o clássico Nosferatu.
Outras coisas do filme repetem arquétipos comuns sobre vampiros: a transformação, a sede por sangue, a vulnerabilidade com a luz do sol/luz negra, a negação (o conflito entre quem se tornou vampiro sem querer e tenta esconder essa natureza), a aceitação (de quem quer de verdade ser vampiro) e os dilemas morais. Isso não é algo que me incomodou porque muitas dessas coisas estão praticamente canonizadas quando se apresenta alguma história de vampiro, mas entendo que isso pode ser um problema para as pessoas.
A história tem um ritmo bom de narrativa com ação e reação acontecendo o tempo todo. Você torce por Nadja porque, dentre os flashbacks e o conflito dela com a própria natureza, você se empatiza pela personagem e torce para que, de alguma forma – sabe-se lá como – ela consiga o que ela tanto quer. Os vilões são rasos mas como eles entram como elemento acessório da história, não é algo que prejudica o filme como um todo. O final não é lá o que a gente espera que seja, embora seja um final bem construído para a história.
Não é o melhor filme de vampiro que você vai assistir mas certamente Céu Vermelho Sangue traz uma perspectiva diferente de vampiros reagindo a situações de pânico e sobrevivência num contexto em que o maior terror não é causado por eles (embora causem um pouco sim nas pessoas).
FICHA:
Céu Vermelho-Sangue (Blood Red Sky | EUA – Alemanha, 2021) Direção: Peter Thorwarth Roteiro: Stefan Holtz, Peter Thorwarth Elenco: Peri Baumeister, Carl Anton Koch, Alexander Scheer, Kais Setti, Gordon Brown, Dominic Purcell, Graham McTavish, Kai Ivo Baulitz, Roland Møller, Chidi Ajufo Duração: 121 minutos
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