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Foto do escritorDaniel Miranda

Alien (Alien, o 8º passageiro)

É um clássico, né… O problema de deixar pra assistir clássicos como Alien, The Exorcist e The Clockwork Orange décadas depois que foram lançados é o seguinte: Continuam ótimos filmes, mas uma parte muito grande do crédito do filme está no choque que estes (entre outros revolucionários no seu tempo) causaram em sua época, e influenciaram e ainda influenciam muito do que temos acesso hoje. Só que depois de vermos os seus “descendentes”, a surpresa do choque se vai embora. É como crescer ouvindo Deep Purple, Rush e Led Zeppelin, e só depois ouvir algo dos Beatles, e ouvir alguém dizer: “Cara, na época isso era muito pesado, agitava a galera e chocou a sociedade!” A gente acredita e aceita, mas não sente o impacto que foi, pois já estamos acostumados com coisas ainda mais impactantes, mas que jamais existiriam se não fossem os garotos de Liverpool. Com Alien, a sensação também é essa: Tenho certeza de que na época foi sensacional e um marco na história do cinema, mas já vimos tanta coisa baseada nessas idéias e tão mais intensas… Mas esse não vai ser um comentário depreciativo. Eu gostei de ver (acabei de ver agora a pouco). Vamos lá:

Sobre o roteiro: Este filme traz um raríssimo caso até meio irrotulável de um “bom roteiro que não é bom”. Explico: A preparação do roteiro é boa, criando um futuro alternativo com elementos interessantes, bem-amarrados, conexos, e até de alguma maneira convincentes. Cria situações interessantes, como a ética da corporação para a qual os personagens trabalham, os engenheiros insatisfeitos com o acordo financeiro e uma mini-greve se ensaiando, os atritos de comando e insubordinação, relações pessoais bem desenvolvidas que dão mais credibilidade ao filme. Mas quando o Alien começa a matar, os clichês começam. Não sei dizer agora com minha cultura cinematográfica já contaminada por tanta coisa que já assisti, se são coisas que se tornaram clichês depois desse filme (inspiradas po ele, naturalmente) ou se já eram clichês antes disso. Fico com a impressão de que a segunda opção é verdadeira, pois tudo que considerei clichê no filme, de fato soa muito ingênuo esperar que diante de situação parecida, as pessoas se comportariam da mesma forma, mas enfim, o roteiro, pra mim (e acho que pra todo mundo que viu o filme também) não é o que o filme tem de melhor.

O que esse filme tem de especial? Todo mundo já sabe que só pelo fato do filme ser de suspense / terror, vao rolar uma matança, e que o Alien vai agir como um serial killer indiscriminado. O que Ridley Scott consegue fazer para ser seu grande trunfo no filme é nos deixar angustiados por saber quem morre, como morre, e quando morre. E, da mesma forma que a gente continua rindo do Chaves, a gente se assusta com o que é previsível, mas não deixa de ser sofrido. Ele usa clichês para provar que mesmo sendo clichê, dá pra ter o efeito desejado. E usa um recurso sensacional: O Alien aterroriza todo mundo, mas quase não é visto no filme.

Outro destaque, embora de menor importância, está no cenário. Muito bem construído e convincente (exceto pelos jurássicos computadores – falta de tecnologia não justifica. 2001 não nos dá essa sensação, e é 10 anos mais velho), os efeitos especiais de imagem e som também são excelentes para a época (cito também que as explosões do finalzinho do filme podem ter sido legais pra época, mas Star Wars – 2 anos mais novo – tem coisa muito melhor nesse sentido, sendo legais até hoje, coisa que não acontece aqui), e a produção é muito boa. Mas tão bom quanto a direção é o elenco. Sigourney Weaver transmitiu muito bem o terror que ela sentia naquela situação de morte certa pra tudo quanto é lado. E estreando como protagonista, arrebenta, criando uma personagem que virou um clássico nerd. E o restante do elenco também manda bem. Eu destacaria a atuação de Ian Holm. Embora aquela cena da cabeça falando tenha parecido ter sido feita por um estagiário de diretor…

Mais um ponto curioso de todo filme cujo roteiro confina os personagens em um local pequeno e isolado: Pouquíssimos personagens, e nenhum figurante. Um elenco ultra-enxuto. Mas competente.

Enfim, Alien revolucionou o gênero de suspense e de ficção científica ao mesmo tempo. E merece o mérito por isso. E embora seja um grande filme, tenho lá minhas dúvidas se, num cenário puramente hipotético, fosse lançado nos dias de hoje, seria tão badalado. Seria melhor que a média sem dúvida, mas não é aquele filme que você assiste hoje e ainda se impressiona como quem viu a algumas décadas atrás. Mas ficará na história com justiça.


Quando e com quem ver esse filme? Com quem não tem problemas com filmes do gênero. Tem muita violência aqui. Fora isso, evite os chatos que não vão se importar com o contexto no qual o filme foi feito. Pré-adolescentes metidos a valentões podem ser a pior companhia imaginável para ver esse filme. Ou para respirar o mesmo oxigênio também…

Ficha técnica: Elenco: Sigourney Weaver – Ellen Ripley Tom Skerrit – Dallas Veronica Catwright – Lambert Ian Holm – Ash Yaphet Kotto – Parker Harry Dean Stanton – Brett John Hurt – Kane Bolaji Badejo – Alien Direção: Ridley Scott Produção: Gordon Carroll, David Giler & Walter Hill Roteiro: Dan O’Bannon & Ronald Shusett Trilha sonora: Jerry Goldsmith 1979 – EUA – 119 minutos – Suspense / Terror / Ficção científica

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