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A importância do debate sobre saúde mental em Stranger Things

Foto do escritor: Lai CaetanoLai Caetano

Faz tempo que queria escrever sobre a primeira parte da quarta temporada de Stranger Things, mas a ideia de fazer uma crítica não me atraía tanto. Não me levem a mal: gostei muito dessa temporada, mas a propaganda anticomunista que vem sendo alimentada – e reforçada agora – me pareceu desnecessária.

Dito isso, tive a ideia de falar sobre assuntos que a série incidentalmente aborda: a saúde mental. A intenção aqui não é fazer diagnóstico sobre os personagens mas, por outro lado, levantar algumas questões que os envolvem para falar sobre autocuidado.

Nos episódios, as vítimas de Vecna estão emocionalmente abaladas, de formas diferentes, o que é usado pelo vilão. Assim, o inimigo dos personagens são eles mesmos, na medida em que se afundam em tormentos pessoais. Vamos analisar alguns deles.

Chrissy

Imagem: divulgação

A líder de torcida é conhecida por todo o colégio e é, aparentemente, gentil com as pessoas – quebrando o perfil estereotipado. Apesar disso é bonita, magra, branca e namora o capitão do time de futebol.

As primeiras cenas de Chrissy são dela, alegre, dançando com sua equipe antes de um jogo de futebol, e depois, ela chorando enquanto vomitava no banheiro da escola e tinha o primeiro contato com o sobrenatural. Tudo sugere ser uma situação de bulimia, reflexo dos padrões impostos pela mãe. 

Chrissy tem um conflito que até então não sabemos do que se trata e, na cena em que ela, aos prantos, sai da sala da orientadora (psicóloga?), percebemos que ela viu algo de errado e procurou ajuda, embora sem sucesso. Porém, a personagem continuou sendo atormentada a ponto de buscar ajuda com o uso de drogas.

Vecna fala, antes de alcançá-la: 

Não chore, Chrissy. É hora do seu sofrimento acabar (S4E1 – 1h12min)

Chrissy, com tudo o que tem, não dá a impressão de ser alguém que passa por esse tipo de problema. Talvez por causa disso ela não tenha a quem recorrer, o que é uma coisa importante pra gente se atentar.

Tendemos a olhar com empatia e compaixão para pessoas que estão em situações piores que a nossa, mas não conseguimos ter o mesmo olhar com aqueles que parecem ter uma vida melhor. A verdade é que nem tudo é o que aparenta ser.

Fred e a culpa

Imagem: divulgação

Fred trabalha no jornal da escola e é, por assim dizer, um aprendiz de Nancy. Com a mente sagaz e uma língua afiada, ele é observador e consegue ver sutilezas que normalmente passam despercebido para a maior parte das pessoas.

Durante boa parte da temporada, não há nada que chama a atenção em Fred: exceto pelo fato em que ele se torna uma vítima de Vecna. É aí que descobrimos a culpa que ele carrega por ter sido o único sobrevivente de um acidente fatal de carro.

Com Fred, aprendemos que problemas pessoais não escolhem cor, idade ou carisma. Até aquelas pessoas que parecem “invisíveis”, estão enfrentando as suas próprias lutas e precisam de ajuda.

Max e o luto

Imagem: divulgação

Max é protagonista de um dos melhores episódios dessa temporada de Stranger Things. No final da temporada passada, a morte de seu “irmão” Billy foi marcada pela redenção do personagem, o que justificou o luto da personagem.

Além de ter presenciado uma morte muito violenta de alguém próximo, agora estava morando em um lugar remoto com a sua mãe, numa vila com trailers. Somando a isso tudo, Max pode estar processando o primeiro contato direto com as criaturas do mundo invertido.

Max procura a orientadora do colégio mas não consegue se abrir e explicar o que a perturba. Seus amigos tentam incluí-la nas coisas que faziam juntos antes, mas ela também resiste e se mantém apática.

Em um diálogo com Lucas, ele enfatiza que:

Parece que você nem está mesmo aqui, parece um fantasma ou algo parecido. (S4E1 – 30min)

Assim, de uma personagem alegre aproveitando sua adolescência com amigos e aventuras, agora Max não se importa com nada.

Quando se viu como a próxima vítima de Vecna, Max recobrou suas forças e lembrou o motivo de querer estar viva e bem. A cena dela correndo do vilão é icônica, uma metáfora para como podemos sair de situações de profunda tristeza se nos apegarmos a quem nos ama e se importa conosco.

Uma lição em Stranger Things

Pelos episódios dessa temporada de Stranger Things, dá para perceber que todas as pessoas estão repletas de problemas, lidando cada um à sua maneira. Porém, algumas pessoas não conseguem lidar de forma saudável e precisam de ajuda.

Essa ajuda pode vir de qualquer lugar e ela precisa ser insistente, mesmo quando a pessoa que precisa não demonstra essa necessidade. Normalmente as pessoas possuem uma rede de pessoas próximas as quais recorrer, mas se isso não é possível existem vários canais de ajuda.

Um exemplo é o CVV (Centro de Valorização à Vida), que pode ser acionado por chat, e-mail (dentro do site) ou através do telefone 188. O importante é entender que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor e que é possível procurar auxílio. 

E vocês, o que acharam dessa temporada? Conta pra gente!

Já falamos de Stranger Things aqui no site antes! Tem uma lista aqui as maiores referências da terceira temporada.

 
 
 

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